Candidata do PSB à presidência foi a terceira a participar da série de entrevistas
Os colunistas do GLOBO avaliaram o desempenho da candidata do
PSB à presidência, Marina Silva, na sabatina promovida pelo jornal nesta
quinta-feira. Para Merval Pereira, a ex-senadora tem uma vantagem sobre
os demais candidatos:
- É o fato de que ela vibra mais com suas propostas, e isso pode
fazer a diferença. Ela mostra uma vontade de realizar coisas novas que
eu acho que é o anseio de grande parte da população. A questão é se ela
vai convencer as pessoas de que é viável fazer política de uma maneira
diferente.
Já Ancelmo Góis avaliou que Marina se saiu bem, mesmo quando perguntada sobre temas desconfortáveis:
- Acho que nas questões polêmicas, sobretudo no envolvimento de temas
religiosos, ela se saiu muito bem. Minha dúvida é sobre a governança
política. Nisso, ela precisa esclarecer melhor a ideia de que se governa
com pessoas e não com partidos, pois por mais bonito que seja, está
mais perto da utopia, e essa ideia não é provável.
Para a colunista Míriam Leitão, Marina Silva não explicou em detalhes
como resolverá os problemas da economia do país. Embora a candidata
faça o diagnóstico correto da crise, segundo a colunista, não há clareza
sobre a solução.
- Tanto na sabatina do Aécio quanto na de hoje, continuo com a mesma
preocupação. A crise é muito grave, e as respostas de todos os dois
candidatos são boas, mas elas não têm o detalhamento que eu gostaria.
Talvez porque eu sou da área de economia, eu queria saber como é que vai
ser feito. Todos os dois candidatos estão dizendo: tem que reduzir a
inflação, o país tem que retomar o crescimento - lembrou Míriam, que
disse ainda que Marina apresentou muitas propostas durante a sabatina:
- Ela mostrou hoje um empenho muito grande em fazer mudanças em
várias áreas, como energia e meio ambiente. Vamos ver se, caso seja
eleita, ela conseguirá realizar essas mudanças. O que eu gostaria de
ressaltar é que tanto ontem (com Aécio) como hoje (com Marina), os dois
candidatos disseram que vão propor o fim da reeleição. Então, isso é
muito bom.
A colunista Flávia Oliveira, que destacou o fato de Marina propor uma
nova política, também sentiu falta de algumas explicações da candidata
do PSB, principalmente em relação à economia:
- Como em outras entrevistas, a candidata prioriza um discurso de
mudança, de reforma política, de nova política. Já até autodominou seu
próprio movimento. Acho que ela vem de muitos sonhos e não fala
profundamente sobre medidas duras que serão tomadas. Na economia me
causou estranheza o programa de governo ter várias medidas muito
conservadoras, ortodoxas na linguagem que ela sempre usou, e não se
compromete com essas medidas. Fala-se em perseguir o centro de meta de
inflação, que é de 4,5%. Quem conhece minimamente de economia sabe que
isso se dá com a elevação de juros.
Para Flávia, o candidato do PSDB foi mais honesto quando assumiu seu compromisso com uma postura econômica mais dura:
- Ela fala em criar um superávit primário, o que é gastar menos ou
investir menos. Há um conjunto de medidas muito conservadoras no
programa de governo com as quais ela não se compromete. Ela acha que vai
ser possível baixar a inflação, aumentar gastos e aumentar a eficiência
do estado, sem as medidas duras. Neste sentido o candidato Aécio Neves,
da sabatina de ontem, foi mais honesto dizendo que em 2015 vai ser um
ano duro de ajustes pela política econômica que ele resolveu seguir e
que está comprometido.
Para o colunista Jorge Luiz Rodrigues, Marina falou bem, mas pecou no quesito esporte.
- A marina fala com o coração. Ela tem postura firme, fala com
convicção, melhor que no passado. Mas eu lamento a parte em que falou
sobre o esporte. No ano passado tivemos 56 mil assassinatos no Brasil. O
esporte tem um papel relevante na construção de uma vida melhor, como
oportunidade social para famílias carentes. Falta isso ao programa de
governo dela. Acho que o esporte ainda é tratado com certo desdém, um
certo "nojo" pela política pensante do Brasil. Fundir o Ministério do
Esporte com outra parte, neste momento em que pode ser um alavancador de
projetos sociais para os Jogos Olímpicos, seria um retrocesso sem
igual. Seria voltar no tempo uns 30 anos em política esportiva no país -
disse.
Para Ricardo Noblat, Marina é uma pessoa em êxtase com ela mesma:
- Ela claramente está satisfeita com o papel que está desempenhando.
Ela se sente bem nesse papel. A candidata transpira muita credibilidade
nesse papel que está desempenhando na sucessão. Quando ela diz que só
quer ganhar ganhando e não ganhar perdendo, ou seja, ela não está aqui
para virar presidente a qualquer preço, isso passa muita credibilidade.
Ela pode ter uma série de equívocos, como todos os políticos têm, mas
ela parece uma pessoa muito bem intencionada. Acho que de alguma maneira
ela respondeu tudo diretamente.
Ilimar Franco, da coluna Panorama Político, concorda. Para ele, Marina Silva respondeu a tudo o que foi perguntado:
- A candidata Marina Silva representa uma corrente política relevante
no mundo hoje, que é a questão da precaução ambiental. Ela expôs as
suas ideias. Ela é a novidade e representa, de certa forma, essa
população insatisfeita tal como ela é hoje. De uma certa forma, ela é um
proselitismo do que as pessoas chamam de antipolítica, renegando os
partidos tradicionais e a política como é praticada hoje. Com isso ela
tem o apoio dos eleitores que estamos verificando nas pesquisas. Ela
respondeu tudo o que perguntaram a ela.
Arnaldo Bloch, colunista do Segundo Caderno aos sábados, afirmou que a presidenciável está segura:
- Ela é mais do que segura, o estado de espírito é contagiante. No
horário político não se tem ideia do quanto ela é preparada. Dos
candidatos, ela é a que está mais permeada com um sentimento de
renovação. A questão é saber o quanto esses ensejos são possíveis de
serem praticados no dia a dia.
Artur Xexéo, colunista do Segundo Caderno às quartas-feiras e da
Revista O GLOBO aos domingos, também falou sobre a segurança da
candidata:
- Ela tem um discurso bom, fala bem, é segura. Não acho que fugiu das
perguntas. Acho que as que ela foge é porque ainda não se decidiu.
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